Para a arqueologia do Paleolítico Inferior, este é um grande golpe. Os especialistas fizeram uma descoberta excepcional: 98 ferramentas de osso de elefante em um local que remonta a cerca de 400.000 mil anos. Esta descoberta pode mudar a forma como pensamos sobre como alguns dos primeiros humanos, como os Neandertais, criaram ferramentas como estas.
A descoberta dessas ferramentas ósseas foi feita em Castelo de Guido, um local perto de Roma. No passado distante e sombrio, Castel di Guido era um lugar muito popular para o agora extinto elefante de presas retas (Palaeoloxodon Antiquus), e um número considerável de animais morreu lá.
Esta coleção de ferramentas recentemente identificada mostra que os antigos hominídeos de Castel di Guido não desperdiçavam ossos. Longe disso. A descoberta mostra que criaram uma verdadeira linha de produção, com métodos nunca antes associados àquele período histórico.
“Existem também outros sítios com ferramentas ósseas deste tipo”, afirma o arqueólogo Villa Paola, da Universidade do Colorado em Boulder. “Mas não existe essa variedade de formas bem definidas. Em Castel di Guido, os humanos quebraram os ossos longos dos elefantes de forma padronizada para fazer ferramentas de osso. Esse tipo de atitude só se tornou comum muito mais tarde."
Castel di Guido, uma fábrica de instrumentos de osso
Com base em evidências coletadas em outros locais, os primeiros humanos geralmente se limitavam a usar qualquer fragmento de osso disponível, sem refiná-lo ou adaptá-lo, mas em Castel di Guido era diferente.
A técnica que eles usaram é conhecida como descamação por percussão, ou lascagem de fragmentos de ossos com uma ferramenta separada para criar ferramentas específicas. Naquela época, as ferramentas de pedra eram mais difundidas, por isso a descoberta desses ossos surpreendeu os arqueólogos.
Esta descoberta não implica que os antigos humanos de Castel di Guido fossem particularmente “inteligentes”, observam os investigadores. A explicação poderia ser simplesmente que eles tinham muito mais ossos de elefante para trabalhar do que outros grupos e menos acesso a grandes pedaços de sílex natural para fazer ferramentas de pedra.
Ferramentas de todos os tipos
As ferramentas que produziram incluíam aquelas que podem ter sido usadas para cortar carne, bem como cunhas que poderiam ter sido usadas para criar uma alavanca para quebrar ossos grandes, como coxas de elefante.
Uma das ferramentas mais interessantes desta descoberta é a chamada Lissoir: um osso longo e liso em uma das pontas, que teria sido usado para tratar peles. Esses tipos de ferramentas só se tornaram comuns há cerca de 300.000 mil anos.
A história deve ser reescrita após essa descoberta?
Dada a diversidade de tipos de ferramentas aqui e as técnicas usadas para criá-las, a descoberta é sensacional. Os arqueólogos podem precisar recalibrar cronogramas para revisar quando essas ferramentas e seus métodos de produção foram originalmente desenvolvidos.
Por enquanto, porém, isso parece um instantâneo isolado da tecnologia de fabricação de ossos. Veremos se outros exemplos são encontrados.
Pesquisa foi publicado na PLOS One.