"Atualmente, todos os marcapassos estimulam o coração de forma metronômica, o que significa um ritmo muito constante e uniforme. Mas quando você registra a frequência cardíaca em um indivíduo saudável, você vê que ele está constantemente em movimento”.
Esta é a declaração do professor Julian Paton, pesquisador principal e diretor do Manaaki Manawa, o Centro de Pesquisa do Coração da Universidade de Auckland.
Paton faz parte de um grupo de pesquisadores que está patenteando uma nova forma de marcapasso, mais flexível à variação dos batimentos cardíacos (I Os resultados da pesquisa acabam de ser publicados na revista emblemática Pesquisa Básica em Cardiologia).
Como o coração funciona, o mesmo acontece com a tecnologia
Pensando em como nosso sistema cardíaco funciona, os médicos criaram um novo instrumento. O coração precisa de alguém para ajudá-lo a lutar, deixando-o livre para se mover como achar melhor.
"Se analisarmos as taxas dentro da sua frequência cardíaca, descobrimos que a frequência cardíaca está associada à respiração. Ela aumenta com a inspiração e diminui com a expiração, e isso é um fenômeno natural em todos os animais e humanos."
O sistema recém-desenvolvido restaura o batimento cardíaco naturalmente irregular. Ele será testado este ano em pacientes cardíacos da Nova Zelândia, após o resultado positivo obtido em testes em animais.
Um marcapasso revolucionário

Ao analisar os padrões de batimentos de pacientes com doenças cardiovasculares, os médicos notaram uma perda quase total da variabilidade da frequência cardíaca. A irregularidade das batidas dá lugar a algo inusitado, sintoma de que a situação está piorando.
Para resolver isso, o professor Parton e sua equipe de pesquisadores decidiram "para relatar a variabilidade da frequência cardíaca em animais com insuficiência cardíaca"e analisar os resultados.
Dr. Julia Shanks, o pesquisador que conduziu a pesquisa em animais, disse mais tarde: "Não há nada no mercado que cure a insuficiência cardíaca. Tudo que os medicamentos fazem é fazer você se sentir melhor. (...) Nosso novo marcapasso relata essa variabilidade, que é obviamente natural".
Depois vem outra grande novidade. O novo sistema atinge "uma melhoria de 20% no débito cardíaco" (a capacidade do coração de bombear sangue pelo corpo).
"O marcapasso é quase como um dispositivo biônico", diz Paton. "Ele entende os sinais do corpo que informam ao dispositivo quando inspiramos e quando expiramos. E então o dispositivo precisa se comunicar com o corpo e acelerar os batimentos cardíacos durante a inspiração e para baixo durante a expiração".
O médico Martin Stiles, o cardiologista que vai liderar o estudo, foi muito positivo em relação a isso.
"Normalmente vemos melhorias na função cardíaca com os marcapassos atuais, mas esse marcapasso biônico superou em muito nossas expectativas. Essa descoberta pode revolucionar a forma como os pacientes com insuficiência cardíaca serão estimulados no futuro".
Os testes começarão em breve, e podemos obter os primeiros resultados até o final do ano.