Confesso que quando li os primeiros estudos sobre o declínio da inteligência humana, pensei: “aqui está mais um exagero”. Então comecei a notar pequenas mudanças: dificuldade em manter a atenção em textos complexos, tendência a pular de uma informação para outra. sem entrar em detalhes, até mesmo uma certa preguiça (em mim) em abordar problemas matemáticos que antes eu resolvia sem dificuldade.
Não sou eu que estou envelhecendo mal (talvez); é um fenômeno coletivo. A inteligência humana está realmente diminuindo, de acordo com uma pesquisa da Universidade de Michigan e do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA). As habilidades cognitivas em adolescentes e jovens adultos mostram um declínio preocupante: estamos vivenciando uma mudança profunda em nossa relação com a informação e o conhecimento, com consequências que só agora começamos a entender.
O Declínio da Inteligência Humana: Um Fenômeno Mensurável e Perturbador
Os números não mentem e, neste caso, contam uma história preocupante. Pessoas de diferentes faixas etárias estão apresentando dificuldade de concentração e perda de raciocínio, capacidade de resolução de problemas e processamento de informações; todos os aspectos de uma métrica (por mais difícil que seja de medir) que normalmente chamamos de “inteligência”.
O estudo “Monitorização do Futuro” da Universidade de Michigan documentos dificuldade de concentração em jovens americanos de dezoito anos, enquanto o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) mede um declínio nas habilidades de aprendizagem de jovens de quinze anos ao redor do mundo. Anos de pesquisa sugerem que os jovens estão enfrentando dificuldades de atenção e enfraquecimento do pensamento crítico.
Essas são tendências que têm sido evidentes pelo menos desde meados da década de 2010, sugerindo que tudo o que está acontecendo tem raízes mais profundas e vem acontecendo há muito mais tempo.
Não lemos mais (e nem fazemos contas)
Um dos principais indicadores desse declínio na inteligência humana é a redução drástica na leitura. Um exemplo: nos EUA, em 2022, o National Endowment for the Arts ele notou que apenas 37,6% dos americanos declarou ter lido um romance ou conto no ano anterior; uma porcentagem decrescente em comparação com 41,5% em 2017 e 45,2% em 2012.
Mas não é só uma questão de ler menos. De acordo com os resultados de 2023 doOrganização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, pontuações mais baixas também são registradas em habilidades numéricas. Itália pontua Pontos 244:estamos no quarto para o último lugar no mundo, seguido apenas pela Polônia, Portugal e Chile (a média da OSCE é de 263).
Telas e cérebros: uma relação tóxica
Embora existam maneiras de usar a tecnologia sem prejudicar a cognição (e de viver com menos estresse), estudos mostram que o “tempo de tela” como o conhecemos hoje prejudica o funcionamento verbal em crianças e torna mais difícil para adultos em idade universitária se concentrarem e reterem informações.
Não há razão para sugerir que o intelecto humano tenha sido permanentemente danificado, mas tanto em termos de potencial quanto de execução, nossa inteligência está definitivamente em declínio. Não sei como, não sei o quanto, mas temos que administrar nossa relação com a tecnologia com muito cuidado.
É isso que deveria preocupar a todos nós, muito mais do que preocupa agora.