Você já se perguntou por que persistimos em medir o poder das nações pelo PIB, um indicador criado há quase um século para um mundo completamente diferente? Enquanto assistimos obsessivamente a gráficos econômicos cada vez mais distorcidos pela tecnologia, a verdadeira revolução está acontecendo em outro lugar: nos gigantescos data centers que devoram eletricidade como se não houvesse amanhã. O'energia per capita está emergindo como a verdadeira moeda do futuro, aquela que determinará quais países prosperarão na era da inteligência artificial e da robótica.
E dados e classificações deste parâmetro revelam surpresas desconcertantes: não são gigantes como a China e os Estados Unidos que lideram a corrida, mas pequenos estados como o Catar, o Kuwait e a Noruega, com uma capacidade energética per capita que potencialmente os torna os dominadores do amanhã.
O Novo Mundo da Energia Per Capita
Nossos antigos padrões de comparação, como mencionado, estão entrando em colapso sob o peso da inovação tecnológica. O PIB pode ter feito sentido em uma economia predominantemente industrial, mas em um mundo onde a deflação tecnológica constantemente reduz os preços, ele se torna um indicador cada vez mais enganoso. Pense nisso: consumimos mais vídeo, música e comunicações do que nunca, mas sua contribuição para o PIB está continuamente diminuindo porque, “desmaterializados” como estão, custam cada vez menos.
O energia per capita, pelo contrário, mede um recurso físico fundamental, que alimentará os data centers e os sistemas de inteligência artificial que estão se tornando o coração das economias avançadas. Não é coincidência que empresas de tecnologia estejam construindo usinas de energia dedicadas (até mesmo pequenos reatores nucleares) perto de seus data centers, porque as redes elétricas existentes não conseguem mais suportar a carga.
As implicações são enormes.: Países com energia abundante per capita podem se tornar as superpotências de amanhã, independentemente de seu tamanho ou tradições industriais.
A classificação que ninguém esperava
A China produz mais energia no total do que qualquer outro país: 134,6 exajoules. Os Estados Unidos seguem com 103,8 EJ. Mas esses números absolutos contam apenas metade da história. Quando olhamos para a energia per capita, as classificações são completamente invertidas:
Catar: ~1.200 gigajoules
Kuwait: ~900 gigajoules
Emirados Árabes Unidos: ~700 gigajoules
Noruega: ~650 gigajoules
Arábia Saudita: ~600 gigajoules
Sorrio ao pensar em como a perspectiva muda: a China, apesar de ser líder mundial na produção total de energia, cai para cerca de 50º lugar em termos de energia per capita. Os Estados Unidos, a superpotência indiscutível, ocupam apenas a 13ª posição. E países que raramente associamos à fronteira tecnológica estão no topo da lista.
Energia per capita significa repensar o dinheiro
Afinal, o que é dinheiro senão energia armazenada? Usamos capital para comprar energia, seja ela incorporada em produtos (que exigem energia para serem fabricados) ou em serviços (que representam energia humana). Com o advento da IA e da robótica, estamos essencialmente substituindo a energia derivada de calorias (humanas) por eletricidade.
Os países que atualmente exportam energia poderão em breve começar a consumi-la internamente. Imagine quantos data centers o Catar poderia abastecer sem aumentar sua produção de energia! O mesmo vale para o Kuwait, Emirados Árabes Unidos e Noruega, todos com enorme excesso de capacidade.
O futuro pertence aos gigantes da energia
A verdadeira questão já não é quantos chips de IA um país pode produzir, mas quanta energia ele pode gerar para alimentá-los. Os países com maior disponibilidade de energia per capita terão uma vantagem competitiva emeconomia do futuro, sendo capaz de hospedar mais data centers, treinar mais modelos de IA e automatizar mais processos.
Essa perspectiva redesenha completamente o mapa geopolítico que estamos acostumados a considerar. Não serão necessariamente os países mais populosos ou aqueles com o maior PIB que prosperarão, mas aqueles que puderem fornecer aos seus cidadãos a maior quantidade de energia per capita.
E enquanto continuamos a discutir sobre PIB, crescimento econômico e indicadores tradicionais, o verdadeiro jogo pelo futuro domínio global já está sendo disputado nos campos de petróleo do Oriente Médio, nas usinas hidrelétricas norueguesas e nos novos projetos de energia nuclear. Quem tiver mais energia per capita terá, simplesmente, o futuro em suas mãos.