A recente decisão do Supremo Tribunal dos EUA de impor limites à prática do aborto terá enormes implicações para muitas pessoas, impactando mesmo negativamente o controlo da natalidade.
De acordo com uma equipe de pesquisa da Michigan State University, que analisando um grupo de pessoas no estado que é mais semelhante à média dos EUA demograficamente, descobriu que mais de um em cada cinco adultos não quer ter filhos.
Planeta “sem crianças”
Os pesquisadores avaliam os dados enormemente: o 21,6% de adultos de Michigan, ou seja, cerca de 1,7 milhões de pessoas, ele não quer filhos. Uma população inteira e considerável “sem crianças”, diz ele Zachary Neal, professor associado do departamento de psicologia da MSU e coautor do estudo.
O estudo, publicado em Scientific Reports (eu linko aqui) envolveu a aplicação de três perguntas para identificar indivíduos sem filhos separadamente dos pais e outros tipos de não pais. Como é impossível distinguir os diferentes tipos de não pais nas estatísticas oficiais, Neal explica que este estudo é um dos primeiros a contar especificamente os adultos sem filhos.
“As pessoas (especialmente as mulheres) que dizem que não querem ter filhos são frequentemente informadas de que mudarão de ideias, mas o estudo mostrou o contrário”, diz ela. Jennifer WatlingNeal, professor associado do departamento de psicologia da MSU e coautor do estudo.
Uma vida sem filhos
“As pessoas decidem não ter filhos cedo na vida, na maioria das vezes entre a adolescência e os vinte anos. E não são apenas os jovens que dizem que não querem filhos. Quem decidiu não ter filhos na adolescência tem hoje, em média, quase 40 anos e ainda não tem.”
Se o padrão fosse confirmado nacionalmente, isso significaria que 50 a 60 milhões de americanos não têm filhos e não pretendem ter nenhum. Isso (se necessário) torna ainda mais grave a prevaricação das últimas decisões anti-aborto: muitas mulheres jovens que decidiram não ter filhos podem ter dificuldade em evitar a gravidez, falta de contraceptivos e estruturas adequadas.
Por quê?
Saindo do plano de direitos civis, os pesquisadores dizem que esse grupo é muito grande e por isso merece mais atenção. Por que todas essas pessoas decidem tão cedo na vida desistir de seus filhos e manter esse propósito?
Existem causas sociais (individualismo) ou econômicas por trás de muitas dessas decisões?
A equipe espera que os insights futuros ajudem a entender por que as pessoas decidem não ter filhos e quais as consequências que sofrem com essa decisão.