No panorama atual da discussão sobre as novas tecnologias, a dicotomia de opiniões está mais clara do que nunca: há quem veja a tecnologia como uma promessa de progresso e inovação, mas fica-se com a impressão de que os pessimistas são mais numerosos, ou mais barulhentos. E não estou falando de preocupações ou dúvidas legítimas. Existe ceticismo genuíno, quando não medo e rejeição.
O que alimenta esse sentimento em relação às novas tecnologias? E como pode a sociedade equilibrar a esperança e o realismo ao olhar para o amanhã?
Raízes e razões dos pessimistas

O crescente cepticismo em relação às novas tecnologias não é um fenómeno novo, quando observado mais de perto. Todas as revoluções tecnológicas, desde a impressão até à revolução industrial, tiveram os seus detratores. Existem muitas razões para pessimistas:
- Excesso de promessas: As novas tecnologias são frequentemente apresentadas com um conjunto de promessas (algumas delas realmente fantásticas) que, pelo menos inicialmente, não são cumpridas. Isso pode levar a decepções e desconfiança crescente.
- Impacto social: As tecnologias emergentes podem levar a mudanças significativas na estrutura da sociedade, resultando muitas vezes em desemprego ou em mudanças nos padrões de trabalho. Isso pode alimentar resistência e preocupações.
- Compreensão limitada: Nem todo mundo tem um conhecimento profundo das novas tecnologias. Esta falta de compreensão pode levar os pessimistas a ter medos infundados ou a uma visão distorcida do potencial e dos riscos.
Otimismo tecnológico

Do outro lado do debate, há quem vislumbre um futuro brilhante graças às novas tecnologias. Os “otimistas tecnológicos” defendem vários pontos:
- Excedendo os limites atuais: A tecnologia tem potencial para resolver problemas que atualmente parecem intransponíveis, desde a crise energética até doenças incuráveis.
- Potencial para inclusão: As novas tecnologias, especialmente as relacionadas com a informação e a comunicação, têm o poder de democratizar o acesso à informação e criar sociedades mais inclusivas.
- Inovação contínua: A história nos mostrou que a inovação tecnológica é um processo contínuo. Mesmo que algumas tecnologias não cumpram as suas promessas iniciais, outras surgem e levam a avanços inesperados.
Os desvios
Cumprir promessas, concretizar o potencial, encontrar equilíbrio
É essencial encontrar um equilíbrio entre pessimistas e optimistas. Não é possível descartar todas as críticas como uma conspiração: é saudável questionar e avaliar criticamente as novas tecnologias. É igualmente importante, no entanto, permanecer aberto ao potencial que estas tecnologias oferecem, e aqueles que têm uma abordagem optimista não são uns idiotas prontos a serem escravizados pelos “poderes constituídos”. Histeria da inteligência artificial é apenas o exemplo mais recente de como um possível avanço tecnológico se transforma em material para galinheiros.
A chave reside na educação e na compreensão: fornecer às pessoas as informações e ferramentas de que necessitam para compreender as novas tecnologias e os seus potenciais impactos ajuda a equilibrar o entusiasmo e a lucidez.
Pessimistas e otimistas, um remédio: aumentar o volume da escuta
O debate sobre o futuro e o papel das tecnologias é complexo e multifacetado, mas alimenta-se de uma “reação exagerada”: pouca escuta. Há pressa em elogiar qualquer novidade ou, pelo contrário, em considerá-la um mal absoluto. Não precisamos destes extremos se quisermos que o futuro permaneça em grande parte nas nossas mãos.
Com educação, diálogo e mente aberta, podemos moldar um futuro onde a tecnologia sirva a humanidade, e não o contrário.