No panorama internacional, a possibilidade de uma guerra espacial já não é uma hipótese remota, mas uma realidade emergente. Alinhando-se com esta nova era (inaugurada pela criação do “Força Espacial” EUA), a China introduziu um sistema inovador de guerra espacial, resultado de pesquisas da Universidade Nacional de Tecnologia de Defesa.
Este desenvolvimento marca um ponto de viragem no domínio do treino e prontidão militar, preparando os militares chineses para cenários de guerra num domínio até recentemente considerado inacessível: o espaço.
Jogos de Guerra também no espaço
O sistema desenvolvido na China representa uma mudança radical na concepção de defesa e de guerra. Durante décadas, as estratégias militares limitaram-se às dimensões terrestre e aérea, mas agora, com a entrada no espaço, as regras do jogo estão a mudar. O sistema de guerra espacial da China permite explorar e simular cenários de conflito num ambiente completamente diferente, onde as leis da física e as estratégias de combate tradicionais evoluem de formas sem precedentes.
Um dos principais desafios deste novo “domínio de guerra” é gerir a complexidade do campo de batalha espacial. Satélites, estações espaciais e outros activos em órbita baixa da Terra tornam-se alvos estratégicos e a sua destruição pode ter repercussões não só militares, mas também civis, perturbando as comunicações, a navegação e as observações terrestres. A China, através do seu sistema de guerra espacial, explorará a forma de gerir e proteger estes activos vitais, bem como desenvolver tácticas ofensivas neste novo teatro de guerra.
Guerra espacial, impacto global
No dia 31 de outubro, China e Rússia uniram-se para apresentar uma resolução às Nações Unidas, comprometendo-se a não ser os primeiros a controlar as armas espaciais e pressionando por medidas para acabar com a ameaça de uma corrida armamentista para além da atmosfera da Terra.
Embora a resolução tenha obtido um apoio esmagador, não faltaram opositores, com Washington e os seus aliados a expressarem a mais forte desaprovação. Escusado será dizer que o governo chinês, embora diga que é contra a perspectiva de uma guerra espacial, afirma que criou este sistema para uma função “defensiva”, como reacção. Sempre começa assim, certo?
As implicações de uma guerra espacial
Um conflito no espaço afetaria todas as infraestruturas que orbitam a Terra. Todos, além dos sistemas terrestres que os sustentam, incluindo plataformas de lançamento de foguetes e grandes estações de radar.
Os aviões ficariam “cegos”. Os navios seriam perdidos no mar. Haveria caos nas cidades e comunidades remotas seriam isoladas do mundo. Serviços que consideramos normais no dia a dia, como previsões meteorológicas ou transmissões internacionais ao vivo, podem ser interrompidos.
E agora?
A introdução do sistema de guerra espacial pela China, como mencionado, não é apenas uma questão de segurança nacional. Também tem um impacto global. A militarização do espaço levanta questões jurídicas e morais e levanta a necessidade de novos acordos internacionais para evitar uma corrida armamentista espacial.
É claro que depois dos EUA e da China, outras nações não ficarão de braços cruzados e continuarão a desenvolver o seu sistema de guerra espacial. Investirão em tecnologias semelhantes, conduzindo a um novo tipo de corrida armamentista, desta vez no espaço.
O desafio para a comunidade internacional será equilibrar a segurança nacional com a estabilidade global. Teremos de garantir que o espaço continua a ser uma fronteira de exploração e cooperação, e não de conflito. Espero que sim: a última coisa de que precisamos, depois de trazermos connosco a guerra “terrestre”, é arrastá-la também para o espaço.