Se existisse um termômetro da sobrevivência humana, neste momento ele marcaria a febre mais alta já registrada. O Relógio do Juízo Final, que monitora os riscos existenciais para a humanidade desde o pós-guerra, acaba de dar mais um passo em direção à meia-noite simbólica da catástrofe global, marcando um recorde absoluto preocupante.
Um segundo mais perto do abismo
Impressiona-me profundamente ver como um único segundo pode ter um peso tão importante. O Relógio do Juízo Final deu mais um passo em frente, indo de 90 a 89 segundos para meia-noite. Como apontou o Daniel Holz, presidente da comissão científica e de segurança, “quando estamos à beira do precipício, a última coisa que queremos é dar um passo em frente”.
O anúncio chegou durante uma conferência de imprensa emInstituto de Paz dos Estados Unidos de Washington, onde membros do Boletim dos cientistas atômicos eles explicaram as razões desta decisão histórica. A situação nunca foi tão crítica desde que o relógio foi estabelecido em 1947.
Ameaças convergentes
O que considero particularmente alarmante é a convergência de múltiplas ameaças. Não se trata mais de um risco único, mas de uma série de desafios interligados que se amplificam mutuamente. É como se as “armadilhas” que ameaçam a nossa espécie estavam fechando simultaneamente.
I mudança climática intensificar, a proliferação de armas nucleares continua, a instabilidade no Médio Oriente persiste, o risco de novas pandemia permanece elevado e a integração deinteligência artificial em operações militares abre cenários preocupantes. Não falta absolutamente nada, certo?
Relógio do Juízo Final, a evolução histórica
Curiosamente, o relógio mudou de formato ao longo do tempo para se adaptar aos crescentes desafios globais. Após o fim da Guerra Fria, os ponteiros se afastaram para 17 minutos da meia-noite. Nos últimos anos, porém, a situação mudou drasticamente, tanto que o grupo teve que passar da contagem dos minutos para a contagem dos segundos.
A nova posição das mãos reflete uma realidade em que as ameaças se sobrepõem e se alimentam. Como ele apontou Madeira, “Há uma sensação crescente de que… alguma nação pode acabar usando armas nucleares, e isso é assustador.”
Um sinal para os líderes mundiais
A mensagem do Boletim dos cientistas atômicos no entanto, não é puro pessimismo. Os cientistas salientam que o relógio poderia voltar atrás se os líderes e as nações trabalhassem em conjunto para enfrentar os riscos existenciais.
Esta possibilidade de reversão é fundamental. Não nos deparamos com um destino inevitável, mas com uma série de desafios que exigem cooperação internacional, liderança responsável e ações concretas.
Relógio do Juízo Final, esperança no tempo que resta
Apesar da gravidade da situação, a mensagem final do Boletim contém um elemento de esperança. Os 89 segundos que nos separam da meia-noite simbólica são um apelo à acção e não uma condenação final.
A capacidade da humanidade para enfrentar desafios aparentemente intransponíveis tem sido demonstrada repetidas vezes ao longo da história. A chave é reconhecer a urgência do momento e agir de acordo, antes que seja tarde demais.