A carne feita em laboratório está recebendo muita atenção, assim como as alternativas à carne feita com vegetais. Hoje também as proteínas do leite são alvo de empresas que produzem alimentos produzidos de maneira inovadora e não convencional.
O leite sintético pode substituir o leite tradicional sozinho ou em milhares de produtos, como queijo ou iogurte.
As origens
Perfect Day Inc., uma startup californiana, recriou as proteínas do leite de vaca sem usar animais. A empresa desenvolveu uma microflora geneticamente modificada capaz de produzir soro e caseína através de um processo de fermentação.
A abordagem não é diferente daquela da levedura usada para fazer cerveja. A levedura também é utilizada em ambientes controlados para criar produtos fermentados – a diferença entre os dois processos está apenas no tipo e na finalidade da levedura.
A Perfect Day possui a tecnologia para obter o “núcleo central” do leite, o componente proteico que constitui a parte principal e mais importante. É um leite vegano, sem lactose e com qualidades idênticas às do leite de vaca: características muito importantes para o consumidor.
O leite convencional possui aproximadamente 3.3% de proteína, composto por 82% de caseína e 18% de soro de leite. O restante é dividido entre água, gorduras e carboidratos.
A aventura do sabor
O leite é um ingrediente versátil usado em muitos produtos em todo o mundo. Mais de 70% do leite vendido é usado para produtos processados: apenas um terço é consumido (e o número está diminuindo constantemente).
Pode ser difícil produzir leite integral sintético devido às gorduras que constituem o sabor e a espessura do leite de vaca. A proteína é o coração do leite, mas não é a única coisa, e as alternativas verdes à gordura precisarão imitar seu sabor.
Produtos como iogurte e queijo têm características diferentes do leite fluido e já têm muito menos problemas a serem sintetizados em laboratório. E, com o núcleo de proteínas disponíveis, quanto mais proteína o produto for, mais fiel será a sua versão sintética.
Contra a desnutrição
Ryan PandyaCEO Dia perfeito, Ele diz: “Começamos a compreender como as nossas proteínas ajudarão os países em desenvolvimento a combater a desnutrição com uma série de produtos especificamente concebidos.”
Esse objetivo está ligado a um objetivo: produzir essas proteínas da maneira mais massiva e econômica possível. Sua introdução no mercado deve então ser prudente para evitar o colapso de grande parte da indústria de laticínios de uma só vez, mas com tempo para se converter.
O futuro
Ainda precisamos de trabalhar nestas questões antes de desenvolver o mercado dos lacticínios sintéticos. Reformular os produtos, reformular a economia ligada aos produtos, reformular as leis que vão definir o que é leite e o que não é.