Imagine um continente coberto de gelo, um lugar inóspito e remoto. Agora imagine que a evidência de uma civilização antiga esteja escondida sob o gelo. Esta é a teoria que alguns propuseram para a Antártica, mas o que pensam os cientistas? Vemos como a ciência moderna está a redefinir estes mistérios, transformando lendas antigas em narrativas novas, menos imaginativas, mas não menos convincentes.
O mapa de Piri Reis
Um ponto focal no debate sobre a Antártica é o infame Mapa de 1513 de Piri Reis, almirante e cartógrafo otomano ante litramam. Este mapa, frequentemente citado como evidência do conhecimento antigo do continente, estimulou a imaginação e as controvérsias.
O que sabemos da pesquisa
Análises científicas sugerem que a representação da Antártica neste mapa era provavelmente hipotética. Historiadores e cartógrafos concordam que a ideia de um continente meridional foi uma crença comum durante séculos, mas carecia de base empírica. Estudos mais recentes indicam que a Antártica, tal como a conhecemos hoje, está completamente coberta de gelo até 15 milhões de anos atrás. Isto contradiz a ideia de que pode ter sido “mapeado” por antigas civilizações humanas. Os cientistas, utilizando dados de núcleos de gelo e outras técnicas geológicas, mostraram que a história geológica do continente exclui a presença humana antes da sua recente exploração.
O mistério das pirâmides na Antártida
Em 2016, uma montanha em forma de pirâmide na Antártica chamou a atenção do mundo. É sobre o Pico da Pirâmide, uma montanha de 2.500 metros localizada em um complexo de maciços, as Quartermain Mountains, em Victoria Land. Alguns atribuíram (na verdade ainda atribuem) a sua forma a civilizações perdidas ou mesmo a intervenções extraterrestres.
Reflexões Científicas
Os especialistas forneceram uma explicação decididamente mais terrena. A erosão causada pelo ciclo de congelamento e degelo foi identificada como a causa mais provável do formato piramidal desta montanha. Este processo natural, influenciado pelo tipo uniforme de rocha, levou à formação de uma estrutura que parece artificial ao olho humano. Apesar da imaginação popular, os cientistas refutaram estas teorias, argumentando que a forma é um produto de processos geológicos naturais. As anomalias detectadas em imagens de satélite da Antártica também foram interpretadas como resultado de processos geológicos, e não como restos de estruturas artificiais. Estudos aprofundados, incluindo aqueles que utilizam radares de penetração no gelo, não encontraram nenhuma evidência de atividade humana antiga no continente.
Existem muitas estruturas piramidais presentes na Antártica ao longo da cordilheira Ellsworth, que se estende por mais de 400 quilômetros. Não é surpreendente ver picos rochosos emergindo do gelo. No entanto, todas essas formações são claramente de natureza rochosa. A forma da pirâmide não é uma característica complexa na natureza e não há nenhuma coincidência especial em tal estrutura
Mitch D’Arcy, geólogo do Centro Alemão de Pesquisa em Geociências (Potsdam, Alemanha).
Civilizações antigas e anedotas relacionadas
Outras teorias, baseadas em evidências históricas e anedotas, sugerem que civilizações antigas podem ter conhecido e até habitado a Antártica. Narrativas diversas, com versões diferentes, todas com certo encanto.
Avaliação crítica
As narrativas históricas, embora fascinantes, não fornecem evidências suficientes para apoiar a ideia de uma civilização antiga na Antártica. A falta de achados arqueológicos, aliada à compreensão científica do clima e da geologia do continente, leva à conclusão de que estas histórias são mais lendas do que factos. A referência a territórios desconhecidos em documentos europeus e asiáticos pode ter sido uma referência a regiões como a Austrália ou a Oceânia, e não à Antárctida. A maioria dos cientistas e historiadores considera essas teorias como pura conjectura, não apoiada por evidências concretas.
Antártica, em resumo: entre a ciência e o mito
A Antártica continua a ser um continente de extrema importância tanto para a ciência como para o imaginário coletivo. Embora as teorias de uma civilização antiga tenham sido amplamente refutadas pela investigação científica, a sua existência lembra-nos a importância de continuar a explorar e compreender este canto remoto do nosso planeta. Pesquisas futuras podem não revelar cidades perdidas ou pirâmides, mas sem dúvida continuarão a iluminar os mistérios deste fascinante continente: e se você precisar de emoção, pode sempre pensar no fato de que, para alguns, a Antártica é o limite da terra plana. .