Um estudo recente da Universidade Queen Mary de Londres lança nova luz sobre uma prática antiga: o jejum. Durante sete dias, doze voluntários abriram mão de toda comida e beberam apenas água, num experimento que revelou transformações surpreendentes e radicais no corpo. Qual? Vamos assistir juntos, com calma.
Uma mutação sistêmica
O corpo humano é uma máquina complexa. Ao ser privado do seu combustível habitual, a comida, começa a seguir caminhos alternativos para garantir a sobrevivência. O estudo, publicado em Metabolismo da Natureza (eu linko aqui), destaca uma resposta sistêmica e coordenada de diferentes órgãos ao jejum prolongado, com alterações significativas nos níveis de aproximadamente 3.000 proteínas no sangue.
Estas mudanças moleculares fornecem novas perspectivas sobre os benefícios do jejum que transcendem a simples redução do peso corporal.
Além da perda de peso
O jejum faz com que o corpo utilize as reservas de gordura como fonte alternativa de energia. Você sabe, é um processo bem conhecido. No entanto, o que emerge com nova clareza deste estudo é que os benefícios da prática se manifestam de maneiras significativas somente depois de três dias sem comer. Além da perda de peso, que equivale em média a 5,7 kg de gordura e massa magra, o jejum parece desencadear uma resposta global no organismo que envolve alterações ao nível das proteínas em todos os principais órgãos.
A compreensão detalhada dessas alterações induzidas pelo jejum abre caminho para novas possibilidades terapêuticas. Novo e ampliado, principalmente para quem pode se beneficiar do jejum, mas não consegue praticá-lo por longos períodos. A pesquisa sugere que as mudanças observadas podem ter implicações positivas no tratamento de doenças como epilepsia e artrite reumatoide, doenças para as quais o jejum tem sido historicamente utilizado.
O futuro pertence ao ‘jejum curto e preciso’
As conclusões desta investigação oferecem um mapa detalhado das respostas do corpo ao jejum, delineando um caminho para futuras investigações que poderão traduzir-se em intervenções terapêuticas específicas. Cláudia Langenberg, diretor do Precision Health University Research Institute (PHURI), destaca a importância dessas descobertas no contexto mais amplo da saúde humana. E destaca como o jejum seguro pode ser uma estratégia eficaz para perder peso e muito mais.
Resumindo - O estudo da Queen Mary University of London abre novas perspectivas sobre o jejum, uma prática milenar agora reavaliada à luz das mais modernas técnicas de pesquisa. É uma confirmação de que “reler” a abordagem holística da saúde humana com lentes científicas pode nos dar uma grande confirmação.
E agora, uma isenção de responsabilidade óbvia sobre o jejum
É importante ressaltar que, embora os resultados deste estudo destaquem benefícios interessantes do jejum, esta prática só deve ser realizada sob supervisão estrita de um profissional médico. O jejum pode ter efeitos diferentes de pessoa para pessoa, e somente um médico pode avaliar se é seguro e benéfico com base nas condições de saúde individuais. Desaconselhamos vivamente o “faça você mesmo” sem o apoio de um médico, para evitar riscos para a sua saúde.