Eu te disse. A criação do “Força Espacial”Americano (seguido de perto pela China) marcou o início de uma nova era nas escaramuças político-militares globais. Agora o espaço é o próximo teatro de confronto. Não é surpreendente, portanto, que depois da recente tensão gerada pela balões espiões Forças chinesas, surge um novo alarme: o desenvolvimento de capacidades anti-satélite pela Rússia. Este anúncio apenas confirma a tendência inevitável para a militarização da órbita terrestre. Novos problemas de segurança global e questões sobre a ética disto... Como chamar isso? Corrida armamentista celestial.
A corrida armamentista espacial
A confirmação oficial da inteligência sobre as capacidades anti-satélite russas foi fornecida ontem pela Casa Branca. A revelação, que se seguiu à declaração preocupante do presidente do Comité de Inteligência da Câmara, o republicano Mike Turner, gerou um debate acirrado no Congresso. John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, procurou acalmar as preocupações dizendo que, embora o desenvolvimento de tais capacidades pela Rússia seja motivo de preocupação, não representa um "perigo ativo" já implantado nem uma ameaça imediata à segurança.
Então, do que estamos falando neste ano eleitoral crucial nos EUA? Esta informação foi divulgada num contexto político já tenso, com acusações mútuas entre membros do Congresso sobre as motivações por trás da divulgação da informação e a sombra da guerra na Ucrânia formando o pano de fundo. Alguns interpretaram o ato como uma tentativa de justificar mais financiamento para a Ucrânia (não ficaria surpreendido), outros defenderam a escolha de tornar pública esta actividade de inteligência, sublinhando a gravidade da ameaça representada pelas capacidades anti-satélite russas.
Obviamente, não se trata de tornar a ameaça transparente, nem de esclarecer a sua extensão real ou presumida. A Casa Branca e a CIA expressaram preocupações sobre a desclassificação relacionada com esta ameaça, enfatizando a importância de uma abordagem privada e direcionada no tratamento de informações sensíveis. A questão, portanto, está destinada a permanecer misteriosa pelo menos tanto quanto as cartas de antraz e os tubos de ensaio sacudidos por Colin Powell. Brincadeiras à parte: como não podemos chegar ao fundo das origens, vamos pelo menos tentar entender a trajetória desse acontecimento.
Arma anti-satélite: a resposta internacional
A potencial activação de armas anti-satélite pela Rússia não só ameaçaria a segurança dos satélites dos EUA e dos aliados, críticos para a navegação, comunicação e observação da Terra, mas também representaria riscos significativos para a arquitectura global de segurança e defesa. A destruição de um satélite, na verdade, poderia gerar detritos espaciais capazes de comprometer outros satélites e infraestruturas vitais durante anos, senão décadas.
Confrontada com esta escalada, a comunidade internacional vê-se obrigada a navegar em águas incertas. A “diplomacia espacial”, ainda em fase embrionária, terá de enfrentar desafios nunca antes vistos, tentando estabelecer regras e acordos que impeçam uma perigosa corrida armamentista em órbita. Ao mesmo tempo, os EUA – China – Rússia e os seus respectivos aliados terão de avaliar cuidadosamente as suas estratégias de defesa e dissuasão, equilibrando a necessidade de proteger os seus activos espaciais com a urgência de manter um espaço exterior seguro e pacífico. Vai ser assim?
É uma guerra espacial, querido.
A militarização do espaço, que a minha mente continua a considerar paradoxal (mas tenho de me habituar a isso), levanta questões éticas importantes. O uso do espaço, segundo tratados internacionais, deveria ser limitado a fins pacíficos, certo? Bem. Isto é, mau: a escalada militar nesse domínio ameaça violar este princípio fundamental. Além disso, a competição pela supremacia espacial corre o risco de desviar recursos valiosos de missões científicas e de exploração que poderiam beneficiar a humanidade como um todo.
Se confirmada, a existência de tecnologias anti-satélite russas representa um momento crítico na história da militarização do espaço. A gestão desta nova frente de conflito definirá o futuro da segurança global e muito mais. Tenho vontade de dizer que também terá um forte impacto no destino da exploração espacial e do progresso tecnológico.